O que um pneu de mais de dois metros, um SUV com um aquário, etc., e uma motocicleta com tema de aliens têm em comum?
Todos são parte de uma mistura eclética e criativa de veículos modificados encontrados somente na feira anual SEMA Show, no Las Vegas Convention Center. Um carrinho de bate-bate transformado em um carro real que funciona de verdade? Sim, também teve um desses. Assim como amortecedores que pareciam um kit de química completo, calotas que poderiam estar em galerias de arte, e basicamente tudo o que você possa imaginar. Embora essas coisas sejam diferentes no dia a dia, aqui na SEMA, são tão comuns quanto as vedetes de Vegas.
Todos os anos, milhões de pessoas visitam Las Vegas. Em 2016, o destino recebeu mais de 42 milhões de visitantes, para ser exato. Cada um desses visitantes vem por motivos diversos. Alguns precisam de férias, aventura ou uma pausa de suas vidas cotidianas, outros esperam desafiar as estatísticas e ganhar uns trocados, enquanto outro grande grupo de pessoas vem a negócios e não a lazer.
Segundo P.J. Burchett, morador de Tennessee, foi um engradado de cerveja, o potencial que ele viu em uma van antiga, e um barraco que o trouxeram aqui – bom, falando figurativamente, claro. Embora essas coisas não o tenham, de fato, trazido aqui, são os motivos para sua história em Vegas começar.
“Esse é o maior acontecimento mundial da indústria automobilística, na minha opinião. Se você não está aqui, não faz parte do grupo” - P.J. Burchett, visitante da SEMA.
P.J. foi apenas uma das 140 mil pessoas que visitaram a Specialty Equipment Market Association, conhecida como SEMA. O evento é uma feira dedicada ao negócio de modificação de todos os tipos de veículos motorizados, o que inclui tudo que anda na terra, água, neve e barro. A feira atrai compradores, vendedores e construtores de mais de 130 países diferentes e mais de 2,4 mil expositores. O apelo internacional é tanto que há áreas de cadastramento separadas por país e língua falada. A última edição foi a 49ª consecutiva da feira e a 38ª em Las Vegas.
Vendo de fora, a SEMA pode parecer um trade show comum, mas, para aqueles que o visitam, é o que há de maior no calendário anual da indústria automobilística. Se você não for, é considerado um outsider – parecido com aquele sentimento de high school. Segundo P.J., “esse é o maior acontecimento mundial da indústria automobilística, na minha opinião. Se você não está aqui, não faz parte do grupo”.
Esse é visto como um dos maiores showrooms de todos. Assim como muitas pessoas enxergam Las Vegas como o destino onde você pode vestir o que quiser, ser o que quiser e agir como quiser – uma espécie de tapete vermelho para aqueles que a visitam –, para os visitantes da feira, a SEMA é o seu tapete vermelho, mas as estrelas são os carros.
Aqui nenhuma pintura é chamativa demais, nenhum design é extravagante demais e nenhum acessório é espalhafatoso demais. Isso porque as pessoas veem seus veículos como uma extensão delas próprias e colocam tudo à mostra durante esta semana no melhor estilo Las Vegas.
Pise fora da entrada da SEMA e você é cumprimentado por Kellie DeFries, uma mulher que se autointitula Crystal Ninja. Kellie é conhecida por produzir os designs mais ousados usando apenas cristais Swarovski. Ela já cristalizou de tudo, desde um elevador em Londres, a 30 pares de botas UGG e um teto de Mini Cooper.
Mas é aqui no tapete vermelho de Vegas que ela decidiu exibir um de seus maiores designs até o momento, expressando sua verdadeira natureza criativa – no destino conhecido por sua liberdade criativa. A finalização da cristalização de um 1956 Porsche 356 Speedster, um carro que, uma vez completo, mostraria tanto sua paixão quanto profissionalismo artístico. Um carro que merecidamente nasceu para estar exposto em Las Vegas por sua natureza imaginativa e design extravagante.
Para os visitantes de primeira viagem do SEMA, o evento pode parecer um pouco demais. Imagine sair de um monorail na entrada sul do Las Vegas Convention Center, olhar para baixo da plataforma e ver um comitê de boas-vindas composto por carros, caminhões e público que preenchem um espaço de convenção de mais de 185 mil m². Sem mencionar que a primeira coisa que a maioria dos visitantes veem assim que chegam: a pista customizada construída no estacionamento do centro de convenção, voltada para apresentações profissionais, incluindo cavalos-de-pau.
Desça pela escada rolante da plataforma do monorail em direção ao centro de convenção e você se verá cercado por uma mistura de carros que parecem terem sido tirados direto de um set de gravação de Velozes e Furiosos ou transportados dos anos 50. Aliás, dizem que o designer dos carros de Velozes e Furiosos esteve na feira, mas permaneceu discreto.
Mas o que encontramos de fato foi um pneu de mais de dois metros, um carrinho de bate-bate que funcionava como um carro real, e um SUV com um aquário na parte traseira – com peixes de verdade. Também havia amortecedores que pareciam um kit completo de química, calotas que poderiam estar em galerias de arte e uma motocicleta verde com um banco preto com espinhos e frente inspirada em aliens.
Gary Wales comprou um 1915 La Bestioni que havia sido abandonado há 50 anos e decidiu reconstruir o carro. Após 12 meses de trabalho, completou o “Rusty Two”, uma réplica do 1917 La Bestioni que ele refez, o qual chamou de “The Rusty One”. Ao ver o carro, percebe-se imediatamente que não há mais nada como ele. Esse carro é único. Parece uma combinação entre um carro de bombeiros antigo, um trator, um Jaguar clássico e um batmóvel.
É, isso mesmo. Você leu certo.
O design do automóvel era incrível, mas um dos aspectos mais excepcionais eram os diferentes tipos de emblemas que o adornavam. Segundo Gary, “os emblemas são uma extensão da heráldica. Eu coleciono esses emblemas… Eles são de clubes, países [e] todo tipo de coisa. São para te distinguir das outras pessoas, meras mortais. Eu os coloco no carro porque esses são meus bebês e essas são as suas joias automotivas”.
E quem não quer exibir suas joias, ainda mais em Las Vegas?
Você provavelmente está se perguntando por que um engradado de cerveja, uma van antiga e um barraco trouxeram P.J. aqui? Resumindo, para distribuir sorvete em sua van de sorvetes. Claro, isso faz sentido. Não é como se ele tivesse atravessado mais de 2,4 mil km para isso nem nada...
P.J. Burchett descobriu uma 1950 Metro Van abandonada em um terreno perto de sua casa. Infelizmente para ele, a área pertencia a um homem que não queria ser incomodado, e que tinha uma espingarda e nenhuma vontade de vender a van. Mas P.J. havia ouvido uma história de que se ele aparecesse com um engradado de cerveja, o homem o ouviria e talvez não o perseguiria com sua espingarda para fora de sua propriedade. Sabendo que ele precisava daquela van, P.J. arriscou. Após muita hesitação e apenas um movimento leve da espingarda, foi combinado que se P.J. construísse para ele um barraco, ele poderia ter a van.
Assim, P.J. foi à SEMA para exibir sua Metro Van remodelada, que decidiu transformar em uma van de sorvetes dos anos 50, com direito a um cooler embutido.
Seja P.J., Kellie, Gary ou os muitos outros que visitam a feira, é claro que o evento atrai pessoas de todas as partes do mundo, cada um com um background e motivo diferente para ir à SEMA. É um trade show como nenhum outro, onde você pode esperar encontrar tudo que é estranho e incomum. Onde você pode exibir sua natureza criativa em qualquer estilo. Gostamos de acreditar que há um motivo para a SEMA nunca ter saído de Vegas desde que chegou aqui. Sinceramente, em que outro lugar do mundo algo assim poderia ocorrer?